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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ideias e Ideais

É impressionante o poder de se trocar um "i" e um "a" de lugar e redescobrir a chave de uma possível solução para um impasse. Leia as frases abaixo:

"Eu defendi minhas ideIAs."

"Eu defendi meus ideAIs."

As ideias de alguém são passíveis de características próprias e individuais, pois tem sua origem no indivíduo. Pessoas usam sua imaginação, criatividade e informações sintetizadas e acolhidas, para fundir uma ideia. Daí, temos que um ideia gera consequências, que podem de fato, ser boas ou ruins. Quando tenho uma ideia, sei que ela pode gerar o bem ou o mal, e se eu não consigo discernir o que ela gerará após efetuada, isso não me torna menos reponsável por ela. Ela é de minha responsabilidade, porque eu a tive.

Já com os ideais não. Ideais são originados, independentemente do indivíduo, baseados e compilados a partir de consequências coletivas que determinam condutas éticas e valores morais nos indivíduos que o seguem, além de guiar comportamentos e ações que nascem através das ideias desses individuos. O fato das ideias nem sempre condizerem com o ideal, só demonstra a fragilidade de um individuo, que não conseguiu em algum momento submeter uma ideia a um ideal.

Todos nós fazemos isso, em vários momentos de nossas vidas. E respondemos por isso como responsáveis que somos. Mas isso, não quer dizer que nossos ideais mudam, a cada momento que isso acontece. Nós fugimos de nossos ideais cada vez que temos ideias que vão contra eles, mas ao ver o resultado, não quer dizer que tenhamos mudado de ideal porque isso aconteceu. Para tentar solucionar isso fico me lembrando que, uma ideia deve ser submissa ao ideal, mas o ideal nunca será submisso a ideia.

O que acontece, é que algumas pessoas vêem mais nossas ideias do que nossos ideais. O que é natural, já que sabemos que uma ideia é um POSSÍVEL efeito de um ideal.

Para nós cristãos, o ideal é único. Se seguimos a Cristo, o nosso ideal é o Evangelho. Pois, o Evangelho é Cristo.

Nesse ideal, quando analisamos uma pessoa, devemos analisá-la por seu ideal, e nunca por suas ideias, pois isso se configuraria como julgamento individual. Mas podemos julgar um ideia, de quem quer seja, como boa ou ruim. Se fossemos medir os outros por suas ideias, como seríamos medidos? Afinal, repito, todos temos ideias tolas e ruins o tempo todo. Mas Deus nos olha por nosso ideal, que é Cristo em nós. Isso torna possível a Graça. Portanto se houve arrependimento de uma pessoa por uma ideia que possívelmente tenha fugido do seu ideal, Deus a julga segundo a Graça, pois o ideal é Cristo.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Ef. 2:8

Porém, o remédio para quem não age dessa forma (de analisar a pessoa segundo seus ideais e não segundo suas ideias), não é uma revolução, ou uma rebelião... não. Quem responde assim, defende ideias. Para defender ideais, nós propagamos esses ideais. Se o nosso ideal é realmente o Evangelho, nós temos que defendê-lo propagando-o e não revolucionando-nos contra quem nós achamos que tenha feito algo que vá contra esse Evangelho. Foi assim com Paulo. Em Fp. 1:16, ele diz se encontrar preso por defender o Evangelho. Como ele defendeu? Propagando-o.

Portanto, não defenda ideias, antes, propague IDEAIS!!

P.S: Alguns leitores pediram um posicionamento meu, em virtude dos acontecimentos de sábado em minha igreja. Declaro-me submisso e amando ao meu pastor, ainda que discordando com a forma com a qual ele agiu. Tenho fé que o mesmo zelo e exortação apresentados no culto por conta de uma ideia, serão preservados em defesa do no nosso ideal. E na esperança que chegará o dia em que não haverão dois pesos e duas medidas diferentes em nosso meio.

Se você está lendo e não sabe o que aconteceu, trata-se de algo que só diz respeito à comunidade de fé da qual faço parte. Mas espero, que ainda assim, o texto seja benção em sua vida.

Ciente das possíveis consequências (mesmo sabendo que não tenho uma "voz" tão audível assim), sigo propagando o ideal no qual acredito piamente, com as ferramentas que tenho.

Em Jesus, que é o ideal e sempre a melhor ideia

Renato Melgaço

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fabricantes de Propósito

"Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos." Efésios 2:10

Lendo o texto acima, eu sempre me permito fazer uma auto análise, e sempre concluo que preciso mudar em alguma coisa. A pergunta que sempre me faço é: "eu tenho realizado de fato o propósito de Deus em minha vida, ou eu tenho só tido vontade de fazer isso?".

O texto deixa claro, que existem obras e propósitos específicos para cada um de nós, e que nessas obras, está o propósito prático da salvação (leia desde o versículo 8 e isso fica claro).

O que impressiona, é que ao que parece, a tendência humana (sempre ela!!) nos leva ao lado contrário. Normalmente, seria razão de felicidade e motivação de sobra sabermos que existe algo particular entre nós e Deus que desemboca em um propósito particular, e ainda, é reconhecido particularmente por Deus. Em teoria, as pessoas amam esse desíginio de Deus, usam frases feitas para salientar os seus desejos de cumprir os propósitos de Deus para suas vidas, e se justificarem para si mesmas que o estão fazendo. Mas em teoria, de nada adianta. Basta olhar os frutos do cumprimento do "propósito de Deus", quando desempenhado de maneira deliberada ao gosto do fabricante. Sim!! o que vemos hoje são fabricantes de propósitos. Gente que industrializa, embala e rotula seus próprios propósitos, e o fazem em nome de Deus. Mas os frutos dessa fabricação própria falam por eles mesmos. Tristeza, frustração, medo, vergonha, decepção, etc. Enfim, eu poderia citar várias outras consequencias disso aqui, mas acho que essas já ilustram bem o que quero dizer. Não é culpa de Deus, que os resultados de seus próprios esforços sejam um fracasso, quando os propósitos são fabricados por você mesmo. A mania de se colocar na conta de Deus esse fracasso, é porque se coloca na conta de Deus o propósito, e ambos, são de conta exclusivamente do verdadeiro fabricante: O EGO!!

Deus preparou antes da fundação do mundo um propósito exclusivo para você. Uma obra feita nos seus moldes. Não queira fabricar outro propósito, no que você pensa ser seu molde. Ou pior, fabricar um propósito igual ao de "fulano" que prega bem, ou "ciclano" que canta como um canarinho!! Isso te faz perder de vista uma das coisas mais belas da vida cristã: a relação única e exclusiva entre você e Deus. Tudo porque você quis viver a relação de outra pessoa com Deus, ou quis um relação nos seus próprios moldes.

Deus te deu vocações, e diariamente te mostra oportunidades de utilizá-las no reino. Isso é chamado. Atender ao chamado do propósito de Deus, é fazer de cada oportunidade dessa, um momento único, dessa relação única, com o Único que dá sentido a tudo isso. Não jogue esse previlégio fora!! Pratique as obras que de antemão Ele preparou para você.

Em Jesus, onde todo propósito nasce e se cumpre

Renato Melgaço