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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nem todo Judas é Judas - e vice versa - Parte 2

Depois de algum tempo, convido você a retomarmos o nosso pequeno estudo verso a verso da carta de Judas. Se você não leu a primeira parte, faça-o para que não fique perdido nessa aqui. Retomaremos a partir do verso 9.

Nesse verso, temos uma grande polêmica, sobre de qual origem vem essa referência de Judas. Existem aqueles que acreditam que Judas se refere a um livro perdido, chamado "Assunção de Moisés", outros falam que é uma referência imprecisa do texto de Zacarias 3, onde o diabo teria disputado o corpo do sumo sacerdote Josué com um anjo.

Esta referência me parece mais adequada ao que Judas quis expressar no versículo (não exatamente ao escrito de Zacarias, mas a tradição da época), uma vez que o objetivo é denunciar o pecado e mostrar que nem os anjos podem purificar o homem, o que impediria a acusação do diabo, mas somente o Senhor é capaz de fazê-lo.

No verso 10 isto fica mais claro, pois ele remete que ao que parece, os homens começavam a atribuir poderes aos anjos que só Deus tinha, e dai a tal "difamação de coisas que não entendem" falada por Judas.

No verso 11 chegamos a um dos principais versos da carta, pois Judas faz 3 comparações diferentes aos tipos de leituras erradas da graça. Podemos ler a graça de Deus na maneira certa, ou de outras 3 formas erradas e pecarmos por isso.

A primeira delas é a leitura de Caim, que optou por mostrar sua propria potencia perante Deus, declarando independência ao invés da dependência ao mostrar o fruto de seu próprio trabalho, ao invés de mostrar o reconhecimento do sacrifício perante Deus. A graça não é o que nos torna menos dependentes de Deus, pelo contrário, ela nos aponta para total dependência do sacrifício de Cristo.

O segundo erro é buscar o lucro como fez Balaão, que praticava adivinhação (Js. 13:22), e como dito em Ap. 2:14, fazia com que o povo de Israel se entregasse ao pecado. Apesar de ele mesmo não ter amaldiçoado o povo, porque o Deus o impedira pela boca da jumenta, ele havia partido para o fazer seduzido pela oferta do rei. Aqui, Judas adverte para uma graça que aponta o lucro financeiro ou material como sendo a recompensa do crente. Imaginar isso é cometer o mesmo erro que Balaão, pois o dinheiro seduz e faz o homem que é seduzido ser propagador de maldição entre o povo de Deus, uma vez que nosso lucro está na vida eterna e naõ em bençãos financeiras ou materiais.

O terceiro erro é o erro da rebelião de Coré, que se rebelou contra Moisés e Arão, sendo insubmisso, e quis executar o papel de sacerdote que só Arão tinha autoridade para fazer.Pagou com morte, bem como os seus servos. Interessante é que o versículo os compara não a Coré e sim aos que foram destruídos por causa de sua rebelião. Aqui, Judas mostra que a graça não é o que nos exalta e nos torna superiores a ninguém, como alguns acreditavam na época, e ainda acreditam hoje. A graça ensina submissão, colocar nosso interesse abaixo de outros, nos fazendo servos e não usurpando o lugar de sumo-sacerdócio de Cristo, ainda que sejamos feitos sacerdotes com Ele. Mesmo Jesus sendo o Único Mediador entre nós e Deus, devemos aprender a nos submeter aos nosso líderes, e principalmente a colocar nosso interesse em plano de fundo, colocando a frente o interesse do evangelho. Além disso, nosso cuidado também deve ser voltado a não seguirmos aqueles que se rebelam, pois pagaremos pelo mesmo pecado se com eles nos ajuntarmos.

Três erros: orgulho, ganância e rebelião. Três possíveis leituras de uma "graça" inexistente. Aos que seguem qualquer um desses pensamentos, veremos quais consequencias os esperam na próxima parte do estudo.

Em Jesus, Único caminho onde a verdadeira graça se explica

Renato Melgaço

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nem todo Judas é Judas, e vice e versa - Parte 1

Judas, irmão de Tiago escreveu uma carta para os crentes. Carta essa que talvez seja pouco lida nos dias de hoje (infelizmente), mas de extrema importância pra entendermos a graça de Deus. Gostaria de convidá-los a fazermos uma breve análise do texto de Judas, trazendo para a nossa época e realidade aquilo que pode ser útil à nós (Pegue uma bíblia, abra em Judas e acompanhe verso a verso para conseguir entender o pensamento exposto abaixo):

Após sua apresentação e cumprimentos nos dois primeiros versos, Judas começa a carta revelando seu desejo de falar sobre salvação, que é o assunto central do evangelho, mas percebe uma necessidade maior naquele momento de exortação aos santos à batalharem em favor da fé. Só com o verso 3, já podería se escrever páginas e páginas de como essa necessidade se adequa a nossa realidade. Porém foquemo-nos na palavra "compartilhamos". Muitos hoje "compartilham" da salvação, mas não "compartilham" da batalha pela fé. Nos versos seguintes Judas vai mostrar o quanto isso pode ser prejudicial à igreja, tanto individualmente, quanto coletivamente.

Ele começa falando o motivo disso acontecer. A infiltração de pessoas que não "compartilham" da salvação, mas que atuam como se compartilhassem. Sim, as pessoas conseguem fingir estar neste estado.. Muitas vezes fingem até pra elas mesmas. E essas pessoas tem o poder de transformar a graça de Deus, em negação a Cristo. O pensamento é: "eu tenho liberdade pra fazer o errado, pois ainda que eu peque, o sangue de Jesus me cobre". Não se engane. Essa "liberdade" nós sempre tivemos. A liberdade que não tinhamos era pra fazer o certo, e essa sim, só é possível pela graça.

No verso 5, a analogia com o povo no Egito é fantástica. Ele lembra que o povo TODO saiu do Egito, mas posteriormente todos que não creram na salvação de Deus foram destruidos. Em Tito 2:11 vemos que a graça foi manifesta a TODOS os homens, porém aqui vimos que muitos não a conheceram e nem conhecerão.

No verso 6, ele lembra dos anjos rebelados. interessante notar que Deus os tem presos com correntes eternas, e eles nem foram julgados ainda, pois aguardam o dia do Juizo. Sem direito a habeas corpus. "Os infiltrados" são como esses. Já condenados mesmo antes do julgamento (veja o verso 4 novamente).

No verso 7, a comparação é feita com Sodoma, Gomorra, e repare, CIDADES AO REDOR. Sodoma e Gomorra, Deus já havia condenado, mas as cidades ao redor foram junto por se entregarem juntamente com elas à imoralidade e relações sexuais antinaturais. Alguma semelhança com os dias de hoje? Sem comentários.

No verso 8, "os inflitrados" são chamados de sonhadores. Sim. Só sonhadores, utopistas, fantasiosos, podem imaginar uma graça que nos livra da consequencia dos erros e que acharia capaz que Cristo se misture com o pecado em qualquer esfera. Aqui ele os chama de sonhadores, pois a heresia pre-gnostica estava forte no meio da igreja, e eles pregavam esse mundo utopico da sabedoria, que os permitia pecar, já que a materia era perversa em si mesmo. Nenhuma doutrina que pregue a pratica do pecado como inevitavel aos santos, deve ser considerada certa. Somos inevitavelmente pecadores. Mesmo em Cristo, evitavelmente pecamos. Mas por Cristo não somos mais escravos do pecado certamente. Agora somos livres!!!

Continuarei a análise da carta no próximo texto.

Em Jesus, o Libertador

Renato Melgaço

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Melhor de Deus




"Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus.
E quem aproveitou melhor as comidas e os prazeres do que eu?
Ao homem que o agrada, Deus recompensa com sabedoria, conhecimento e felicidade. Quanto ao pecador, Deus o encarrega de ajuntar e armazenar riquezas para entregá-las a quem o agrada. Isso também é inútil, é correr atrás do vento."
Eclesiastes 2:24-26

O texto acima começa com a expressão: "Para o homem"...

Quão mesquinho é o ser humano não?

Comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho, são naturalmente o melhor para o homem. O que me remete à uma expressão atualmente muito usada... "o melhor de Deus".. será que enxergamos o "melhor de Deus" como sendo Dele mesmo, ou seria o melhor para nós mesmos?

O texto, mostra três estados em que homem pode buscar o melhor, e em cada um desses estados, esse "melhor" muda. Vejamos:

1º- Estado natural

Em seu estado natural, o homem é mesquinho. A satisfação de suas necessidades é o melhor. É o objetivo, a busca. O homem vê a felicidade, em sua própria realização, inevitávelmente. Afinal, do que adianta os outros serem realizados e eu não. Onde está a felicidade nisso? Mas ao satisfazer essa realização, ele percebe que a felicidade não está ali. E isso vem da mão de Deus. Mas não o satisfaz. Frustração? Acho que é pior o sentimento gerado por isso.. Insatisfação... O homem passa a pensar que não alcançou o suficiente para se satisfazer, e quer sempre mais... só que ele continuará a querer sempre mais... Porque a felicidade nunca estará ali.

2º- Estado de pecador

Sabemos que o homem é naturalmente pecador, então esse estado não pode ser confundido com o anterior. Aqui tratamos de pecador, como aquele que ainda é guiado pelo pecado, ou seja, escravo do pecado. Nesse estado o homem aparece como encarregado por Deus à ajuntar e armazenar riquezas para aqueles que O agrada. O Deus que satisfaz às necessidades dos seus, coloca um ponto de consolo para aqueles que O agrada: não importa se seus celeiros e armazéns estão vazios. Importa que alguém está armazenando para você, tudo aquilo que você precisa. Aquele que armazena riquezas, e acha que sua felicidade está nisso, têm sua felicidade no TER. O usufruir nem importa tanto mais... afinal só se armazena o que sobra, e entre repartir e ter o que sobra, ele prefere o ter, e se engana terrivelmente achando que sua felicidade está ali. Lembra do "Jovem rico"? Veja:

"Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas."
Mateus 19:22

O jovem se entristeceu porque tinha. "Ter" se tornou peso. Se entristeceu porque tinha que repartir. Mas ele não acreditava que o repartir trazia felicidade. Afinal, a lógica diz: quanto mais eu tenho, mais feliz eu sou. Mas Jesus disse o contrário, e o jovem tinha muito. Porque ele tinha, ele se afastou triste. Triste não?

O texto ainda diz nessa parte que é TAMBÉM inútil viver desse modo. "Também", pois tanto no modo "natural", como no modo "pecador", é correr atrás do vento. Buscar o nada. Ajuntar o vazio. Valorizar o que não se pode ver na eternidade.

3º- Estado de quem agrada a Deus

Glória a Deus que existe o estado da graça. Graça que nos concede conhecimento, sabedoria e FELICIDADE. Como é bom ser feliz pela graça. Quem agarda a Deus entende que a felicidade não é consequencia de nada. Não é efeito de causa nenhuma. Felicidade é recompensa. Recompensa por agardarmos a Deus, mesmo o agrado Dele a nós tendo sido muito maior na cruz. Recompensa imerecida. Recompensa suficiente. Recompensa eterna.

Me perdoem por não acreditar que "o melhor de Deus" ainda está por vir. Pois de coração eu digo, que "o melhor de Deus" já veio, morreu numa cruz, e me salvou para que eu O agradasse, e ainda me recompensou por isso com felicidade. Nele se cumpriu todas as coisas, e com elas todas as minhas necessidades.

Em Jesus, definitivamente O Melhor

Renato Melgaço

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A mais linda história que posso escrever


Me permita lhe contar uma história:

Havia um Senhor bondoso que tinha um filho adotivo.

A esse filho esse Senhor deu liberdade total para fazer o que quisesse.

Só havia uma regra: Não ultrapassar os limites da fazenda, pois um vez fora dos limites, o filho se tornaria automaticamente escravo do senhor que morava na fazenda vizinha.

Certa feita, o filho se aproximou da cerca que dividia as terras. O senhor que morava na fazenda vizinha lhe disse:
- E então jovem? Já tem idade suficiente para trabalhar não é? Se você quiser tenho vagas para servos em minha fazenda...

O jovem respondeu:
- Meu Pai disse que não devo ir até a sua fazenda.

O vizinho replicou:
- Ele não é seu Pai. Ele é seu Senhor, afinal você é adotivo. E como escravo dele, não vejo você ter nenhum direito dos escravos que regem essa região, não é? De certo ele não quer que você trabalhe para mim, com medo de que um dia você também se torne um grande senhor de terras, e lhe ofereça competição.

O jovem não entendeu:
- Mas você já é dono de terras próximas às dele, e ele não liga. Porque ele ligaria que eu fosse dono de outras?

Novamente, o vizinho falou:
- Eu não sou dono daqui. Ele só me deixa morar e tomar conta dessa terra. E preciso de servos, que me ajudem a fazer isso.. então o que acha?

Usando de sua liberdade, o jovem partiu e foi ser escravo.

Segundo a lei, os filhos do escravo, também seriam escravos e assim por diante. O tempo passou, passou... E o vizinho então já tinha muitos escravos, que haviam nascido desde esse primeiro escravo.

O Senhor bondoso, amava a cada um deles como filho, pois eram todos seus, e quando usaram da liberdade que ele lhes dera, se tornaram escravos, e isso lhe entristecia. Afim de reparar o erro do primeiro escravo, o Senhor bondoso se propôs a comprar cada um desses escravos, mas o preço era alto demais. O senhor vizinho, só era obrigado a vendê-los a troco do único Filho gerado do Pai, o Unigênito.

O Filho disse ao Pai:
- Pai, mesmo o Senhor tendo dado direito de filhos à eles, eles prefiriram os direitos de escravos, pois não entenderam que eram filhos. Mas peço-te que não seja a vontade deles suprema à vontade do Senhor de amá-los. Me permita ir, e ocupar o lugar deles para que eles sejam justificados.

Então o Pai disse:
- Acaso não é justo que eles lá estejam se essa é a vontade deles? Mas se assim permitir, não serei eu desamoroso para com eles, sabendo o que é o melhor para eles? Pois que se cumpra a justiça e se cumpra o amor. Você se entregará por eles, e eles terão direito a voltar até nós para que se cumpra o amor, porém escolherei segundo o conselho da minha boa vontade, aqueles que regressarão, e o restante deixarei que se entreguem a sua própria vontade, para que se cumpra a justiça.

Assim, o Filho se entregou.

Porém, o Filho era herdeiro legítimo da terra, e mesmo sendo feito servo em lugar de outros, era Senhor daquela terra também, o que lhe permitia ser superior ao senhor vizinho naquela terra, e assim ele pode retornar a casa de seu Pai. Ele saiu e disse ao vizinho que um dia voltaria para buscar aqueles que seu Pai escolheu, e quando assim fosse, o vizinho deveria deixar aquela terra, com todos aqueles que não tivessem a marca do Pai, para uma prisão eterna de dor e sofrimento. O vizinho lhe perguntou que marca era essa, e Ele lhe respondeu que era a marca da fé do escravo, que na verdade sabia que era filho por meio da adoção do Senhor das terras, e que essa fé seria demonstrada por meio do arrependimento de ter escolhido ser escravo.

Mas enquanto esperavam a volta do Filho para resgáta-los, os escravos ainda eram escravos. Mesmo depois de serem marcados pela fé do Pai, pois eles ainda estavam lá.

Lá os escravos, só sabiam ser escravos. Não tinham como renegar a posição de escravos. Mas pela fé no Pai, eles podiam ser escravos do Filho, ao invés de escravo do senhor vizinho. Pois as terras eram dele, e o preço por eles já havia sido pago, e mesmo que o Filho ainda não houvesse voltado, eles tinha o direito de serem escravos do Filho, ao invés do senhor vizinho.

Enquanto fossem escravos, só poderiam ser escravos. O caso é, escravos de quem?

Aos que tinha fé no Pai, escravos do Filho
Aos que tinham sido entregues à sua própria vontade, escravos do senhor vizinho.

Como escravo do Filho, sua função era de noticiar a boa nova de liberdade, e todos aqueles que se arrependesem e crêssem, seriam feitos filhos e herdeiros também. Era seu dever se preparar para ser recebido na glória como filho. Era seu direito ser herdeiro de todas as coisas que eram de seu Senhor, seu Pai. Inclusive da glória de ser eterno ao lado Dele.


"Pois aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo." I Co. 7:22

Em Jesus, o Filho Unigênito
Renato Melgaço

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

M&M's



"Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa.
Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra.
Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: 'Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! '
Respondeu o Senhor: 'Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas;
todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada'." Lc. 10:38-42

Já vi este texto ser pregado algumas vezes, o sermão dos dois "M´s", e me lembrei dele enquanto orava hoje. Resolvi pegar a bíblia e estudá-lo.

Jesus chega e Marta o recebe em sua casa. Em Ap. 3:20, temos uma passagem que diz que o Espirito de Deus está à porta bate e que se alguém ouvir Sua voz e abrir a porta, Ele entrará e ceiará com essa pessoa.

Pois bem. A analogia está feita. Marta convidou Jesus para entrar e o resto da história a gente já sabe. Será?

Eu já ouvi várias pregações nesse texto, e todas elas indicam a mesma coisa. Jesus entra na casa, e nós devemos escolher se somos Marta ou Maria. O sermão se desenvolve a partir dessa pergunta: Quem é você? Marta ou Maria?

Gostaria de refletir sob um aspecto que eu ainda não havia ouvido nesses sermões mas que percebi sobre esse texto, sob a mesma pergunta, mas com uma resposta diferente da anteriormente ouvida (pelo menos por mim. Talvez você já tenha ouvido essa!!).

A pergunta: Quem é você?
A resposta: Eu sou a casa.

É praticamente indiscutivel no meio cristão, a aceitação de que nós, que já temos a consciência que somos lavados e remidos no sangue do Cordeiro e somos por Ele salvos, nos tornamos morada Dele (Jo. 14:23, Ef. 2:22).

Quando nos encontramos com Cristo, Ap. 3:20 se cumpre, e Ele entra na casa que somos nós. Vejamos o que acontece depois disso.

Se no texto de Lucas nós nos colocarmos no lugar da CASA na qual Jesus entra, isso quer dizer que existe uma Marta e uma Maria dentro de cada um de nós, ou seja, somos uma casa com os dois "M´s" lá dentro (como na figura), e isso parece fazer mais sentido.

Jesus entra em nossa vida e a Marta quer por tudo em ordem para MANTER Cristo confortável ali dentro, pois afinal é Jesus. Todos nós somos assim hora ou outra na vida com Cristo. Queremos por tudo em ordem, correndo para lá a para cá, com medo de que a casa não seja digna da presença de Jesus (como se isso fosse possível por nós mesmos), e queremos arrumar tudo. Baseamos a ordem da casa nas atitudes de arrumação que damos. Jogamos fora hábitos, percepções, praticamos toda regulamentação cristã, na esperança de que essa faxina, torne o lugar mais aconchegante para Jesus.

Já a Maria que está dentro de nós, está sedenta por Cristo. Se joga aos pés de Jesus afim de ouvir a palavra Dele, sem se preocupar com mais nada. E nós ficamos revezando em nosso interior, ou pior ainda, vivendo simultaneamente Marta e Maria, e achando que o fato de estarmos vivendo a Maria naquele mesmo momento em que vivemos a Marta já é o bastante.

Na hora que estamos "fortes", tiramos onda de Marta. Fazemos e acontecemos, pois a casa está ficando um espetáculo através do nosso esforço. Mas basta uma escorregada, para percebermos que nada que façamos é o suficiente, e que nessa hora o que vale é ficar aos pés de Jesus afim de que Ele ajeite tudo, então lembramos de Maria.

Marta é a Lei. Maria é a Graça.

Daí você me pergunta: "Você está dizendo que a Lei é errada?". Não, porque nem o próprio Cristo fez isso no texto, mesmo que metaforicamente. Ele chama a atitude de Marta de desnecessária. A Lei não é errada. A Lei se torna desnecessária a partir do momento que estamos aos pés de Cristo, pois as palavras que Dele ouvimos são a própria Lei, e na Graça toda a Lei se cumpre. Fato é que quando cumprimos a Lei, afim de arrumarmos a casa pra Jesus, nunca conseguimos por completo, e isso traz condenação a nós mesmos por não podermos cumpri-la. Mas se reconhecermos que não podemos deixar a casa digna de Jesus, só nos resta nos render aos pés Dele, e deixar que a simples presença Dele dignifique o lugar, a morada que somos nós. E o melhor de tudo é que essa Graça não pode ser tirada de nós!!

Santificação não é o processo no qual você faz uma faxina na sua vida e a torna mais agradável, confortável ou digna para Jesus. Santificação é o processo no qual você consegue se livrar desse fardo pesado, e assumir o fardo leve de se manter aos pés de Jesus, que dignifica todo o lugar. "Apenas uma atitude é necessária."

Pense nisso!!

Em Jesus, que cumpriu toda a Lei e ainda assim morreu para que tivéssemos vida pela Graça

Renato Melgaço

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Renúncia


Começo esse texto com um pedido de desculpas, pois falei que seguiria com os próximos 4 textos de temas sugeridos pelos leitores, e esse não é um deles. A partir do próximo retomarei a série.

Hoje resolvi escrever um pouco sobre minha experiência individual com Deus, na expectativa não de que você leitor viva as mesmas coisas que eu vivi, mas sim possa de repente, ver uma nova face de Deus que talvez ainda não tivesse atentado para ela, e isso te ajude a superar algum conflito, ou que simplesmente seja edificante.

Bom, eu nasci em lar evangélico. Filho de pastores, neto de pastores, sete tios pastores, o que é claro indica que meu contato com as Escrituras se deu desde muito cedo. Por ser de raíz presbiteriana (hoje faço pate de uma denominação batista), havia uma valorização extrema, durante a minha infância, da escola bíblica dominical (o que por sinal deveria acontecer até hoje em toda igreja)e isso me fez pegar gosto pela bíblia desde muito novo. Aos 14 anos, através de estudos biblicos e com auxílios de livros acadêmicos de teologia reformada (já que meu pai era professor de seminário e a casa estava repleta deles), entendi o básico e suficiente plano da salvação (não que seja necessário todo esse estudo para entedê-lo), mas foi aos 15 anos que eu resolvi por mim mesmo que queria ser crente, e então me batizei (já estava na igreja batista), e a partir daí comecei uma caminhada de fidelidade para aquilo que eu acreditava ser o certo, o que acabou gerando em mim um "alguém" legalista e religioso. Eu era exemplo nesses quesitos que todos nós conhecemos. Mas com isso, aquela sensação que tive aos 15 anos de idade, foi ficando fraca progressivamente, de forma que aos 20 anos de idade eu caí. Nenhuma queda "digna" de holofotes. Mas eu já não era mais o exemplo. O legalismo ainda estava lá e eu não o estava seguindo, o que consequentemente estava atraindo condenação para a minha vida. Apesar de ser uma queda "clichê", não foi a a intensidade da queda e sim o tempo que ela durou, o que mais me prejudicou. Foram anos procurando fugir da condenação que a Lei me trazia, e tentando justificar os pecados que eu cometia, dia a dia. Prazeres carnais, sempre seguidos de uma tristeza, por saber que eu estava escravo do pecado, e pior que isso, o antídoto que eu conhecia não funcionava. Eu me enxergavaum tolo por não conseguir vencer as tentações, e me conformava com isso. Mas eu sabia que a Palavra de Deus não falhava. E se em João 8:32 falava que a verdade me libertaria, é porque pela lógica, então eu não conhecia de fato a verdade. Um baque quando descobri. E eu tinha que saber que verdade era essa. Mesmo vivendo ainda uma vida de pecado, eu comecei a buscar respostas para essa pergunta, até que me deparei com uma pregação via internet sobre graça. Deus me tocou profundamente ao ver aquilo. Algo que eu nunca havia sentido antes. Eu revi a pregação mais de cinco vezes só naquele dia, às lágrimas. Eu tinha a minha resposta, e é claro que ela era verdade, porque naquele momento eu fui liberto e o verso do evangelho de João se cumpriu. A verdade era mesmo tudo que antes eu havia escutado: Jesus morreu em meu lugar, ressucitou e se eu me arrependesse dos meus pecados, cresse nisso e o tivesse como meu Senhor e Salvador eu estaria livre. Mas na pregação ouvi algo que havia nesse senhorio e que até então eu não sabia o que era. A declaração de impotência perante a pessoa de Deus. Meu erro era acreditar que EU tinha que vencer meus pecados. Eu acreditava que sozinho, cumprindo a lei que eu havia construído em minha própria religiosidade, talvez Deus veria em mim o direito à salvação. Eu queria apresentar o fruto do meu esforço perante Deus, e a única coisa que isso atraía para mim era condenação, assim como Caim. E foi nessa hora que fiz uma oração declarando minha impotência diante de Deus, e tive certeza da minha salvação, não por algo que eu mesmo pudesse fazer e sim porque Ele quis que assim fosse. Com a oração, compus uma música no dia. Canto ela até hoje no meu quarto. Hoje deixarei a letra abaixo. Talvez ela te ajude a orar assim também.

RENÚNCIA

Procuro desculpas pras minhas ações
Eu não me entendo e nem posso explicar
O que me dominam são minhas paixões
Que me convencem a acreditar
Que sou forte o suficiente pra aguentar
Chegar a beira do abismo e resistir
Mas na verdade sei que não consigo suportar
Tropeço e começo a cair

Mas sei que estás sempre de prontidão
Basta eu clamar para me atender
Te peço socorro e me estendes a mão
Só o Teu perdão pode me reerguer
E quando estou bem eu volto a me enganar
E me esqueço de tudo que um dia Você fez
Gritos vazios ecoam no ar
Enquanto despenco outra vez

Eu te conhecia só de ouvir falar
Mas a provação me fez enxergar
Que eu sou fraco ao me afastar
Que sem o Teu amor não consigo lutar
Quero entregar minha vida em tuas mãos
Vem me fazer depender mais de Ti
Vem destruir todo meu coração
Pra reviver Teu Espírito em mim

Quero viver a tua vida
Quero beber das tuas fontes
Quero ser vaso de honra
Quero voar sobre os montes
Quero ver mais do que a salvação
Quero lembrar o que me prometeu
E mergulhar em uma nova unção

Me desfazer de mim pra ser Teu, Jesus!!

FIM

Foi em agosto daquele ano que fiz essa oração, e o agosto desse ano me fez querer escrever.

Foi em agosto daquele ano que eu compreendi que a salvação não é o ápice do Evangelho. Na verdade, ela é só o início.

Em Jesus, que definitivamente tem TODO o poder

Renato Melgaço

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

É pra já!!!


Ele lhes respondeu: "Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra". At. 1:7-8

Uma das características mais tristes desta geração em que vivemos é o imediatismo. Tudo é pra agora!! Basta ver a publicidade de qualquer produto hoje em dia. Frases como "consiga o resultado em pouco tempo" ou "em poucos dias você notará a diferença", ou ainda características como "instantaneo" ou "pronto pra usar", ganham cada vez mais espaço no mercado, comprovando a busca pelo resultado imediato. E não é só no mercado, é em tudo. O diploma rápido, o casamento precoce, a ascensão meteórica no emprego, esteroides-anabolizantes pro corpo, o calmante pro sono, a desvirginização de crianças e adolescentes, a procura por felicidade instantanea nas drogas, etc. Tudo resultado de um imediatismo evidente. O ser humano em si mesmo, não sabe mais esperar.

E era inevitável que uma característica tão notável na sociedade não ganhasse espaço em nossas igrejas. Cada vez mais se vê pessoas, não só vivendo, como pregando o imediatismo dentro das igrejas. Jargões como "hoje é o dia da sua vitória!!" , e a procura pelas "bençãos" e "sinais" imediatos tem sido o motor que faz milhares de pessoas exercerem sua fé. Eu creio que Deus pode fazer muito nesse cenário, pois Ele é misericordioso, e atenta para o nosso bem sempre, inclusive quando o bem Dele nos parece bem também. O problema é quando o bem Dele não parece o bem pra nós (em nossa própria visão), e nos prendemos em nossa visão, que não viu o resultado esperado. A oração "miojo", que em apenas três minutos deixa sua benção pronta, falhou. E agora? No que acreditar? A escatologia (estudo do fim dos tempos), ainda é o assunto que causa mais interesse nas igrejas. Todo mundo quer saber como termina, ao invés de saber o que se passa.

No texto que lemos acima, vimos que os discípulos, queriam o cumprimento da profecia da restauração do reino de Israel de imediato. Porém, a resposta de Jesus, como de costume, é fantástica: "não lhes compete saber os tempos ou as datas...".

Como sei que muita gente não concorda com o que escrevi no terceiro parágrafo, usarei o que procuro viver em minha vida, e que tem dado muito certo. Leia, examine e retenha o que é bom:

- Eu creio que o dia da minha vitória foi o dia em que Cristo deu a vida por mim (antes da fundação do mundo!!), pois ali a vitória se construiu e tudo que veio depois disso coopera para o bem de todos que verdadeiramente o amam, inclusive nossos sofrimentos e aflições nessa terra,que nos levam a esperar com grande expectativa a vida eterna com Cristo (Ap.13:8; Rm.8:27-28; Rm.5:3-5);

- Eu creio que as bençãos e sinais acompanham aqueles que crêem no Senhor, e não em uma fé condicionada às bençãos e os sinais (Mc.16:17);

- Eu creio que Deus SEMPRE faz sua vontade, pois não há NADA que possa impedi-Lo. Minha oração não é um "gatilho" da vontade de Deus, e sim um pedido de um filho, que pode ser atendido ou negado por um Pai amoroso(Ef.1:11; Lc.11:11-13; Jo.9:31);

- Eu creio que os resultados imediatos existem quando em conformidade com a vontade de Deus, mas não condiciono a minha fé em vê-los, pois para mim, todos os sinais antes demonstrados já são mais que suficientes ( I Jo.5:14; Mt.16:4);

- Eu creio que a escatologia serve para mostrar o que o princípio e o meio da história já mostraram: que a vitória no final é certa, e que não há o que temer. A parte dela que não me compete, deixo para aqueles que com isso se preocupam (Ap.21:6-7).

Na sequência do texto, Jesus deixa um "mas" aliviador: "... receberão poder... para testemunhar...". Repare que é "poder para testemunhar" e não "testemunhar para o poder". Muito tem se visto do agir do Espírito Santo como consequencia de alguma coisa. O poder nesse caso vira efeito. Eu creio no poder do Espírito que causa o testemunho. O poder do Espirito Santo é a causa do culto que foi benção, e não o efeito dele. O poder do Espirito Santo é a causa da vigília de oração, e não o que sobrou dela. O poder do Espírito Santo o que causa o Evangelhismo, e não a consequência dele.

Enfim, o poder do Espirito Santo é a causa de boas obras que terminam em testemunhos, e não o efeito das obras que faço... em Jerusalém (o mais perto primeiro), em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra.

Em Jesus, Aquele que tem todo o poder para agir e permitir

Renato Melgaço